terça-feira, novembro 28, 2006

deserto


(Lençóis do Maranhão.Brasil.2006)

quinta-feira, novembro 23, 2006

POR UMA UNHA NEGRA

Foi um tempo obscuro, escuro, mesmo negro. Atravessei-o com a juventude espalhada pelo corpo e todos os mundos que podia a encherem-me a alma até ás marcas queimadas na pele. Por vezes, pensava que enlouquecia, e então abrigava-me nas casas do silêncio, á espera de escutar o fio tremeluzente da minha voz mais íntima. Por vezes, saía pelo mundo a fora, á procura de mais dias e mais noites, umas a seguir ás outras, como primaveras que se devoram com muitas flores vivas a saltarem pela boca, pelos olhos, pelo corpo inteiro e esburacado. Conheci, gente, pessoas, corpos habitados por alguém, outros nem por isso, cheguei a conhecer os mortos que continuam por aí, de um lado para o outro, como imagens atrapalhadas adiarem sei lá o quê. Também, confesso, cheguei a ser tocado por alguns seres humanos, que me deram minúsculas estrelas duradoiras, muitas vezes sem eu dar por isso. Ainda hoje as guardo, como pedras preciosas soltas entre os seixos das minhas margens.
Foi um tempo de procuras, em que passei por pontes e pontes e nem sequer as via, nem o rio que lá ia para o seu mar, nem os lugares de um lado e do outro, por onde gastava o meu destino, possuído pela dourada cegueira da juventude e por todos os copos de veneno que encontrava. Vi alguns amigos, caírem para dentro de uma luz que nunca mais os largou, foram assim sozinhos para tão longe e nuncanunca mais.
Após, muitas paisagens, comecei a ver que tudo á minha volta era uma imagem que se soltava de dentro de mim, onde eu não era chamado para o caso, nem propriamente ninguém, mas, no fim de contas, todos estávamos lá: pessoas, mundo, vida, animais, plantas, pedras e todos os universos que existem.
Comecei a olhar mais a luz, a luz claramente acesa, a primeira que vem de dentro das pessoas e das coisas.
Descobri um centro que não é centro nenhum, apenas me desloco despido e nu, de centro em centro, na mapa circular da minha idade. Sempre, com o deus presente de tudo á minha volta e o amor íntimo e distante por tudo o que passa por mim.

Gaia - 21-06-2006

sábado, novembro 18, 2006

lagoazulprateada



(Lagoa Azul.Maranhão. Brasil.2006.)

rio de ouro


(Rio Douro.2006)

sexta-feira, novembro 17, 2006

IMAGENS AFUNDADAS NA MEMÓRIA (15ª)

Como um navio deixa nos olhos uma sombra em movimento a memória é um cais iluminado só por cima crescem as raízes das estrelas que os dedos não tocam apesar das palavras agora falo-te assim como um navio que vai de imagem em imagem, lentíssimamente, atravessando um instante sempre atrás de outro o tempo é um gesto parado que não pára de navegar.
(in, "A Primeira Imagem".1998)
(Visões Retrospectivas)

terça-feira, novembro 07, 2006

amor


(DESENHO.Técnica-Mista.63X47)

quarta-feira, novembro 01, 2006

Há rostos que tornam as coisas mais simples


(Visões Retrospectivas)