quarta-feira, abril 30, 2008

OS POETAS HIPÓCRITAS

Frios hipócritas, não faleis dos deuses
Vós sois tão razoáveis! não acreditais em Hélios,
Nem no Tonante e no Deus do Mar;
A terra está morta, quem quer agradecer-lhe?-

Confiança, Deuses! pois ornais a canção,
Inda que dos vossos nomes a alma já se foi,
E quando é precisa uma grande palavra,
Mãe Natureza! é em ti que se pensa.

(DIE SCHEINHEILIGEN DICHTER)

Ihr kalten Heuchler, sprecht von den Gottern nicht!
Ihr habt Verstand! ihr glaubt nicht an Helios,
Noch an den Donnerer und Meergott;
Tot ist die Erde, wer mag ihr danken?-

Getrost ihr Gotter! zieret ihr doch das Lied,
Wenn schon aus euren Namen die Seele schwand,
Und ist ein grosses Wort vonnoten,
Mutter Natur! so gedenkt man deiner.

- HOLDERLIN-

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Aconteceu assim e então cantei

Solitário mas caído como a chuva, quero erguer
a floresta ressoada ao longe, o manso som
dos camelos nas mãos, pela noite verdejante
até que enfim, os jardins reinam e no fim há deuses.

E, no entanto, há um olhar derradeiro no fim das visões
tudo o que é felicidade começa por uma torrente
- e sei que não ententes, mas..
vou dizendo,vou tentando entrar pelo lado
mais surdo onde estás adormecido, morto de todo
e eis, o meu fiel cantar, a casa livre, a estrela liberta
o espírito aberto, e eis que aclamo: o teu sol
total, a luz simples desse fim
onde já moras sem margens
sem caminhos, sem barqueiros, sem os amigos
alternando as rosas e os espinhos
quando tremes. Quando?
Já não estás vivo, e ambos o sabemos, agora
só imagens, só pontes que ressoam ao longe
e depois? Um dia destes partes para outra
luz cheia de escuridão negra, luz
assim, ressurgida no início dos homens
no início da Terra, junto aos reis e aos povos
(sem tréguas será esta guerra )
vamos até ao fim separar os abismos da sabedoria?
Vamos ao silêncio dourado,vamos à alegria, vamos quebrar
a constante unânimidade das fontes secas?
Porque não acordas, meu deus?

(Kabrik, in Essências)

segunda-feira, abril 28, 2008

Les Fleurs du Mal


ÉLEVATION

"AU-DESSUS des étrangs, au-dessus des vallées
Des montagnes, des bois, des nuages, des mers,
Par delà le soleil, par delà les éthers,
Par delà les confins des sphères étoilées,

Mon esprit, tu te meus avec agilité
Et, comme un bon nageur, qui se pâme ...
......................................................................."

(Baudelaire)
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sexta-feira, abril 25, 2008

Era A Rosa Cor de Rosa

(25-04-08)

25-04-2008

(Enquanto a Democracia ainda é uma utopia)
POEMA EM SALDO

Uma data que regressa sempre transparente à cabeça

um sino pendular nas cavernas do corpo e

então escrevê-lo é abrir as potências do sangue, dos pés

até à raiz dos cabelos, deixar crescer a vida circular dos dias

pelo silêncio poderoso se fundamenta um olhar um sonho

uma estátua invisível dentro da memória ordena-se

o esquecimento mantendo sempre a respiração do Mundo

entre muitos e muitos horizontes.

Gaia, 1999
.

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quinta-feira, abril 10, 2008

A Ponte Verde


(Gerês-2007)
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IMAGENS AFUNDADAS NA MEMÓRIA (Poema 18º)

De folha em folha, os horizontes alongam-se
para os olhos de quem é mendigo
à frente dos prodígios da língua.
Há um nada absoluto em cada gesto, uma idade
e um peso de estrela a cair na sua luz até nós.
Olho à volta esquecido de tudo e de súbito
vejo-te a caminhar nos degraus do teu próprio sonho.
Enquanto as minhas palavras se perdem
no meio da luz que me dás.
-Secção: Memórias.in, "A Primeira Imagem", Ed. Sol XXI,1998-

sábado, abril 05, 2008

IMAGEM ASSIM & TEXTO ASSADO

" Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles foram meus, não são seus. Se o criador o tivesse querido juntar muito a mim não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição, venha a pensar o mesmo que eu; mas, nessa altura já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem."

(Agostinho da Silva)