Algures, não sei se volto a voltar
Algures no Brasil cheguei a estar no Paraíso. E regressei. Agora encontrei outro Paraíso. Não sei se volto a voltar.
Começo por um dos lados: o mar ao fundo e os sons compassados das ondas chegam claraMente até mim. Depois há coqueiros, esguios, altaneiros nas suas tranquilas balanças de sonhos dados com a aragem muito ao de leve que fala. E há mangueiras, com os seus frutos à espera de quem lá chegue. Palmeiras com as suas folhas dobradas em devoção ás portas que iniciam a noite. Balançam-se também ao som do mar, da lua que começa a ser maior no céu indefinito da noite do meu olhar.
Estou nu e sentado,com os pés apoiados na varanda azul e tomara eu estar assim tão nu por dentro.
Agora vou colher uma cana de açucar aqui do meu quintal, e no fim não sei se me irei esquecer por outros lados, palitando os dentes com as cascas que sobram sempre de tudo o que é mesmo vida.
Olhando ,escutando, aprendendo a ser mais.
Pois, para alguns isto é literatura, mas para mim é Vida.
O pássaro que me visita, merece toda a minha atenção. E ele já está ali, na sua árvore de eleição, misturado com as flores vivas cor-de-laranjas-acesas, amarelos garridos, vermelhos pelo meio da folhagem verde escura porque efectivamente já é noite e tudo está demasiado claro para mim.
(Algures em Cabo Verde-Agosto-2008)
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