segunda-feira, setembro 03, 2007

DIÁRIO NEGRO DE SÃO LUÍS ( 2ª Folha )

estou na ponta d areia. sentado.À sombra, aí 20 e tal graus.
O guarda-sol é cor-de-laranjas maduras, à minha frente eis o mar vivo e aceso
e no céu, há azuis luminosos
em vários tons.

À minha volta , o povo espraia-se finalmente no seu sábado.
Há gazelas morenas, umas a seguir às outras, é difícil acompanhar com a merecida atenção tantos ritmos ondulantes e belos, sob este sol de deus.

Também, as crianças vivem à-solta por ali, onde o mar larga de vez as suas ondas, e dão cambalhotas e correm chapinhando a água dócil, entre pikenos sal tos , de quem está mesmo felizmente feliz.
Passa alguém com uma caixa transparente e leva ovos de codorniz, camarão cozido, umas comidinhas que outros irão comer, concerteza.
Olhando para trás, vejo dois candeeiros públicos ainda acesos a despontarem por entre os altos verdes das árvores sossegadas e claramente alheadas do assunto.

É de lá, dessas bandas, que chega até aqui aquela música popular, sempre sempre a tocar o mundo do coração. Tem jeitos de frases muito simples e bem fundas. Algumas pessoas, cantam-nas juntas e alegram-se, simplesmente assim.

1 papagaio caiu agora a meus pés e só agora, também enxergo que é feito de plástico que já foi saco, mais 2 ou 3 pauzinhos de coqueiro aliados, e ainda + agora, o menino já o ergueu no ar e aquela coisinha frágil, como Tudo, dá curvas sózinha com a sua cauda louca sem tino, esburaca o espaço, rodopia veloz e depois..,
já nem tanto..
e cá em baixo, no chão sólido do mundo, a criança é uma criança e já é muito.
A menina do bar, mais crescida, mini-saia de ganga, boa perna, camisete vermelha viva, de bandeja prateada na mão esquerda, já aviou mais umas cervejas "Sol", a uns jovens que estão prá-lí num forrobodó evidente.

Um bandozito de pardais passa à frente do meu olhar, a rasarem o grande areal, com cadeiras & mesas, azuis, vermelhas, brancas e cinzentas. E, desaparecem numa curva uníssona do tempo," o que é feito deles?", enquanto eu ainda me regalo a separar e a juntar as cores do cenário.

Lá, adiante, lá ao fundo, uma tira horizontal de água salgada, está mais cintilante nos brilhos e parece dizer-me
- só cá entre nós -
que sou um simples admirador do Mundo, à procura de mais luz, sobre todas as coisas visíveis & invisíveis desta maravilhosa Vida.


(São Luís do Maranhão.18-Agosto-2007)

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