domingo, fevereiro 24, 2008

A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS EXISTE MESMO - Série: O(s) GRITO(s) Nº 10




Li num jornal que a senhora ministra da Educação está contente. E, quando os nossos governantes estão contentes, é como se um sol raiasse nas nossas vidas.E está contente porque, segundo afirmou, a violência nas escolas portuguesas, afinal, não existe...


Ao que parece, andamos todos numa de paz e amor, lá fora é que as coisas tomam proporções assustadoras, os nossos brandos costumes continuam a vingar nos corredores de todas as EB, 2/3, ou como é que as escolas se chamam agora. Tenho muita pena de que os nossos governantes só entrem nas escolas quando previamente se fazem anunciar, com todas as televisões atrás, para que o momento fique na História. É claro que, assim, obrigada, também eu, anda ali tudo alinhado que dá gosto ver, porque o respeitinho pelo Poder é coisa que cai sempre bem no coração de quem nos governa, e que as pessoas gostam de ver em qualquer telejornal. Mas bastaria a senhora ministra entrar incógnita em qualquer escola deste país para ver como a realidade é bem diferente daquela que lhe pintaram ou que os estudos (adorava saber como se fazem alguns dos estudos com que diariamente se enchem as páginas dos jornais) proclamam. É claro que não falo daquela violência bruta e directa,estilo filme americano, com tiros, naifadas e o mais que houver. Falo de uma violência muito mais perigosa porque mais subtil, mais pela calada, mais insidiosa. Uma violência mais "normal". E não há nada pior do que a normalização, do que a banalização da violência. Violência é não saberem viver em comunidade, é o safanão, o pontapé e a bofetada como resposta habitual, o palavrão (dos pesados...) como linguagem única, a ameaça constante, o nenhum interesse pelo que se passa dentro da sala, a provocação gratuita ("bata-me, vá lá, não me diga que não é capaz de me bater? Ai que medinho que eu tenho de si...", isto ouvi eu de um aluno quando a pobre da professora apenas lhe perguntou por que tinha chegado tarde...) Violência é a demissão dos pais do seu papel de educadores - e depois queixam-se nas reuniões de que "os professores não ensinam nada". Porque, evidentemente, a culpa de tudo é sempre dos professores - que não ensinam, que não trabalham, que não sabem nada, que fazem greves, qualquer dia - querem lá ver? - até fumam... Os seus filhos são todos uns anjos de asas brancas e uns génios incompreendidos. Cada vez os pais têm menos tempo para os filhos e, por isso, cada vez mais os filhos são educados pelos colegas e pela televisão (pelos jogos, pelos filmes, etc.). Não têm regras, não conhecem limites, simples palavras como "obrigada", "desculpe", "se faz favor" são-lhes mais estranhas do que um discurso em Chinês - e há quem chame a isto liberdade. Mas a isto chama-se violência. Aquela que não conta para os estudos "científicos", mas aquela da qual um dia, de repente, rompe a violência a sério. E então em estilo filme americano. Com tiros, naifadas e o mais que houver.



(Texto de Alice Vieira.Escritora. in J.N.-Fev.08)

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES EM PORTUGAL - Série: O(s) GRITO(s) Nº9

Ou a ADAPTAÇÃO AO ABSURDO KAFKIANO
(Imagem transformada a partir de original, inserido em outro contexto,
no Blog "Planície Heroína-2004)

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

"eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam..."

Posted by Picasa

Série: O(s) GRITO(s) Nº8

A Cerca do nosso Portugalzinho, e da promiscuidade e corrupção das nossas classes políticas & anexos, anda por aí um Sr. a dizer umas coisas diferentes, tais como:

"(...) “Existe em Portugal uma criminalidade nociva para o Estado e para a sociedade(…)”
“Andam por aí impunemente alguns a exibir os benefícios e os lucros dessa criminalidade e não há mecanismos para lhes tocar. Alguns até ostensivamente ocupam cargos relevantes no Estado português”(...)

Esse Sr., é o Dr. Marinho e Pinto, actualmente bastonário da Ordem de Advogados. Isto é, não é o Zé Ninguém habitual que já diz estas coisas e loisas há muito tempo e de várias maneiras diferentes e depois ?

As declarações do bastonário da Ordem dos Advogados (estas acima citadas e várias outras de importância capital, que vale a pena ler) merecem-nos a nós, ao povo eternamente ludibriado pelos Sr.s que nos têm desgovernado, não só respeito pela coragem de quem as profere, como também transparentes espectativas quanto às suas repercussões.

Pelos vistos, a primeira repercussão, foi a abertura de um inquérito a tais declarações mandado instaurar pela Procuradoria-Geral da República (PGR), ao abrigo do disposto nos artigos 241 e 262 do Código de Processo Penal...