segunda-feira, dezembro 31, 2007

O Pintor Miguel D Alte partiu pra outra

(Miguel D Alte no seu local de trabalho.V.N. de Cerveira-2005)

-No dia 24 de Dezembro de 2007, houve um comboio que se atravessou no caminho do Miguel e levou-o para muito, muuuito longe de nós.Entretanto ele deixou-nos uma Obra que apesar da cegueira habitual um dia destes terá o seu merecido lugar.

(Ao Pintor Miguel D Alte)

Tens um corvo pousado sobre o ombro

esquerdo o lado

das sombras translúcidas.

Atrás das cortinas dos olhos

o teu espanto olha sempre sozinho

o tempo amparado das cores.


-J.A.M. -2004 -

quarta-feira, dezembro 26, 2007

O GRANDE INTERVALO

- Há um duro silêncio na pedra
enquanto escuto
o fio de vida acordada
no fundo do corpo
enquanto o mundo apaga as suas formas
e se torna pura luz levantada
por dentro, também há vozes caladas
ainda vivas por um sopro
apenas: cor, lentidão, vastidão
a enlevar levemente o coração.


(Dez.2007)

domingo, novembro 25, 2007

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Outono

Na avenida, o fim do Verão.
Esqueço o olhar suspenso nas cores
cai uma folha rasgando a imagem.

domingo, novembro 04, 2007

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O AMOR



A coisa com + leveza, que eu encontrei, até hoje, neste Mundo em que vivemos
sem sombras de dúvidas, foi efectivamente o amor.
E no entanto,
quantos pesadelos já escureceram a História, adiante, adiante
que a coisa ainda está preta, acerca deste sentimento.

Eu também já amei muitas vezes. Dizia.
Até que 1 dia destes, mais esclarecido cá por dentro de mim & sei lá porquê?
entendi mesmo, que tudo aquilo nada tinha haver com o amor.

Só há uns tempos para cá, é que me sinto habitado por essa coisa tão real –mente
muito leve, t ã o l e v e, que Re Parei há dias, por um acaso dos diabos
que nem sei explicar-vos
e então Vi que me nasceram 2 exactas asas, uma de cada lado simetricamente desiguais, claro,
a partir de um epicentro "central" das minhas costas.

- Evidentemente que os outros não as vêem, mas (cá pra nós) eu sei que elas estão mesmo lá.


José Alberto Mar

(Setembro de 2007, 2ª Versão)

-in, MINGUANTE Nº 8, "A LEVEZA"-

sábado, outubro 27, 2007

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sexta-feira, outubro 12, 2007

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SENSAÇÃO A VELUDO NAS MÃOS

Primeiro foi uma sensação a veludo nas mãos, a carne à flor da pele era macia de um modo tão suave a pedir só mansidão e elas, as mãos, transcorriam bêbedas com todos os seus 10 dedos nas polpas sensíveis cada vez mais e eu lá ao fundo, no final da sensação, deixava-me navegar com toda a preguiça esboçada do mundo, por este mar de novidades que aquele corpo me emprestava no silêncio ofegante da noite.
E ela estava deitada, absorta no seu sonho inteiro de ser mulher para as minhas mãos, e eu sentia-a a crescer nos ritmos da respiração e de um lado e do outro, ambos éramos mais próximos, como se houvesse uma indeterminada luz pelo meio, que ambos tínhamos de possuir, precisamente ao mesmo tempo.
Tudo ilusão. E, no entanto não era. Eu estava ali, ela também, éramos dois corpos com as portas abertas de todo. A aragem das mãos esvoaçando sobre a pele de veludo, era o que sobrava do silêncio de chumbo, que os nossos corpos no fundo jaziam. Havia entre nós, um nó inteiramente aceso por dentro, onde as línguas mais apuradas já não dizem palavras.
E os gestos criavam outros mundos, onde só nós cabíamos, onde só nós éramos quase perfeitos, à espera de o sermos.
(Out.2007)

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quinta-feira, outubro 11, 2007

Pelos Corredores Adiante

e as luzes apareceram-me de todos os lados e eu estonteado não escolhi a 1ª e depois as outras e não disciplinei a estória, fui indo pelos corredores adiante, adiante, sem norte consciente, sem dúvidas,
e encontrei lugares que nunca tinha visto e soube como o paraíso é possível aqui nesta Terra, eu Vi e Vivi o mundo atravessado por outros mundos, o corpo inteiro, a alma como um objecto simples, as cores a vibrarem por dentro com outros olhos também,
eu Vi, como tudo é outra coisa afinal, nada de lonjuras, nada de muitas palavras, nada de nada é mesmo escuro quando
-Out..2007-

sexta-feira, outubro 05, 2007

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DESPEDIDA DOS DIAS CLAROS

Agora, é a pedra fria, no meio das estações
à espera do Inverno há esta escarpa em frente
as minhas costas vão até certo ponto
e depois ainda há a foz das águas do Verão
as vozes muitas que subiram a prumo
as noitadas ora agrestes ora mansas
embrulhadas entre mulheres de seda e veludo
e alguns amigos por perto das luzes mais íntimas
cheguei lá com as mãos esquecidas
e o olhar foi, mais uma vez, o primeiro a estalar
e tudo isto fecha-se agora
numa boca enlaçada pelos dias de Outono.

Um corpo cheio de sóis e todas as portas
cerradas, mais um dia e outro dia
e por aqui nunca é claro o dia completamente
aceso, para todos os lados e
pronto: valerá a pena chorar?


Gaia-5.10.07

terça-feira, outubro 02, 2007

O Lago

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Reflexão

Cada religião tem ajudado a Humanidade:
O Paganismo ensinou ao ser humano a luz da beleza, da amplitude e da altura da vida, numa tendência para uma perfeição multiforme;
O Cristianismo deu-lhe uma visão da caridade e do amor divino;
O Budismo ensinou-lhe um meio nobre de ser mais sábio, mais doce, mais puro;
o Judaísmo e o Islamismo, um modo de ser religiosamente fiel na acção e zeloso na sua devoção a Deus;
O Hinduísmo abriu -lhe as mais vastas e profundas possibilidades espirituais.

Seria algo muito grande se todas essas vias de Deus pudessem abraçar-se e fundir-se umas nas outras;
Porém, os dogmas intelectuais
e
o egoísmo cultural obstruem os caminhos
.


(Aurobindo )

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REENCONTRO

às vezes, de um modo inesperado, levanta-se um lençol qualquer da memória e aparece-nos um lugar com luz e alguém lá dentro, como se tudo acontecesse de novo.
Aconteceu-me hoje, com algo que foi a primeira vez há dois anos, num local deste planeta agora distante, estava eu a olhar um pôr do sol e a pensar na redondez do mundo e ao mesmo tempo, na sua vastidão desmedida e todas as circunferências e espirais de tudo isto estavam a levar-me para longe.
Entretanto, alguém apareceu por ali, com os pés descalços e apenas o manso som surdo de uma presença e eu demorei a desviar o olhar.(Estava lá, de onde é difícil, os regressos repentinos. Tinha que deslocar-me até ao centro, voltar ao núcleo aceso do que eu julgo ser eu, e depois repetir-me nos gestos, por aí).
Mas, quando já estava em mim, deparei-me com alguém muito sereno, distante até, com o olhar atirado ao deus-dará e pensei como há seres humanos a sentirem as coisas mais simples e essenciais da vida.E no entanto, são silenciosos ao largo dos seus horizontes, não são notícia nas T.V.s deste mundo ruidoso demais, nem escurecem os dias dos outros.
Depois, acho que trocámos meia-dúzia de palavras, nem tanto, com os 2 pares de olhos em pontes abertas entre si.
Despedimo-nos como dois bons amigos, e cada um foi para o seu mundo continuar a cumprir o seu destino.
2-Out-2007

domingo, setembro 30, 2007

A Surpresa

“Surpreender-se, estranhar, é começar a entender”.

Ortega Y Gasset (1833 – 1955)

sexta-feira, setembro 28, 2007

E O BIG Brother Avança!

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E, No Entanto Há uma Luz

e, no entanto
há uma luz
poisada no centro
do seu silêncio de ser
só uma luz
aberta
para fora
de si.

- como se um pássaro libertasse no voo
o peso das suas asas.
-como se a memória fosse um travo antigo
no veneno estagnado dos hábitos.
-como se, algo te dissesse e fosse uma voz
derradeira no cálice mais translúcido do corpo
onde 0 rosto maduro do silêncio
te chama - em chamas - verdadeiras na cor
e tu és longe nos olhos divagados em ti.

E então, nem o ouro
nem a prata
como há-de uma vida luzir ?


28-Set.2007

A Escalada


-Lençóis do Maranhão. B.R. -
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A Espera


- Alcântara. Maranhão-2007-
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+ 1 dia

apagam-se as luzes devagar enquanto a tarde
ainda é grande
ao entrar no meu olhar.

Uns restos de barulho, mais algumas
sombras a mais por entre as palavras
os rostos apressados, as tiranias do vazio quase
tão oco por dentro e por fora como algo
sem vida.

São assim estes dias com as mãos
tão cheias de objectos, enquanto o corpo
desenha por dentro o seu mapa sobrevivente
e por aí se vai
ancorando
deambulando
e reclamando
o seu lugar ao sol e à sombra
precisamente a meio, na brecha
de uma rota maior.


26.27-Set-2007

quinta-feira, setembro 27, 2007

Língua de Fogo


-autor: j.a.m. desenho. técnica-mista -
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quarta-feira, setembro 26, 2007

A PRIMEIRA IMAGEM


Era uma espécie de espanto esse lado maior
do olhar sobre os rostos
enquanto dormiam leves os anos esquecidos
como se houvessem sempre outros sinais
aproximarem-se das mãos.....
E, como elas sabiam a juventude a fugir
das faces, o ouro iluminado entre
as demasiadas raízes, os jardins cheios
nos olhos de quem
só já olhava.
(in, "A Primeira Imagem", Edições SOL XXI, pág. 48 - 1998)
Retrospectivas

A Fonte


- Rua Quinta Paço de Rei .Gaia -
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terça-feira, setembro 25, 2007

Paisagem Antes do Sono


-2007-
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O SONO COMPLETO

Na substância do sono. Quando os astros
são letras incendiadas no chão da memória
e apenas um poema se ergue sózinho
espalhando símbolos, despertos sinais do corpo
SEI a maravilhosa fábula do sono
o lugar mais acordado e sagrado
sobre a experiência dividida do Mundo.


(o sono tem uma atmosfera incontida
vibra e rompe em cada palavra
os sangues mais singulares das noites)


Perguntam-me se sou eterno, quando me basta
o tranquilo sono habitado por este sonho
inexplicável: a Vida.
As verdades intuidas vagabundas e por detrás
as cortinas transparentes só de um lado.


Não me tragam mais milagres
porque o único milagre, é sermos e não sermos
nocturnos a cada momento
como se o mundo dormisse na promessa
de um sono completo e fugaz
e nós inocentes faroleiros
dessa escuridão
vinda de nós.


Na embriaguês dos sonos, olho longamente
o mar profundo das minhas buscas.
O rosto transformado pela água quase pura
transformando a água num vinho
precioso, transbordante.


Extraordinário sentir-me unido por metades
em esfera: O Sol, a Água, a Terra e o Ar sobrenatural
nos infindáveis espaços comunicantes.
Todas as faces do sono fendidas
nos acordados eixos da criação.



( in, "O TRIÂNGULO DE OURO". Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores.1988)

quinta-feira, setembro 20, 2007

Coisas de Índios


(Homenagem aos Índios da Amazónia. Brasil)
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(momento)

e então, abriram-se estas portas: e ela voltou com os seus pés de lã, mansos pés que a minha memória há-de esquecer, pois tanto silêncio vive à custa de memórias. E quanto a máscaras, sou redundante:
nada como a claridade aberta, se possível, em leque semi-redondo, para que eu veja a aragem que passa, enquanto só uma mão pestaneja o ar.

(Set.2007)

terça-feira, setembro 18, 2007

Paisagem Árabe ( variação)



- Variação em Si Bemol. Set. 2007 -
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TRANSGGGRESSÕES

"(...)
De pulmões às costas, a vida é para sempre
tenebrosa. A pata do poeta
mal pousa agora pedalar. A vida é curta.
Puta de vida subdesenvolvida.
(...)"




-in, "POESIA TODA", Herberto Helder, pág. 478 -

segunda-feira, setembro 17, 2007

HEI!!!


(imagem "transformada & transtornada, com enfeites)
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Ao Acaso

"(...) Não posso viajar sem passaporte.
O Living Theatre estava em tourné pelos Estados Unidos depois de quatro anos de exílio voluntário na Europa. Durante esse tempo, o grupo tinha-se tornado internacional pela sua composição e conhecia os argumentos para ultrapassar obstáculos de fronteira. Ocupavam os espectadores com diálogo, molestando-os se necessário para conseguirem uma resposta, gritando as palavras com angústia e frustração.
Não posso viajar livremente, não me posso movimentar como desejo!
Estou separado do meu companheiro, as minhas fronteiras são arbitrariamente estabelecidas por outros!
As Portas do Paraíso estão fechadas para mim!
Em poucos minutos os actores ficaram quase histéricos, e o teatro USC estava transformado. Jim (Jim Morrison-The Doors) estava de pé com muitos outros, gritando motes, vociferando pelo Paradise Now.
Os actores retiraram-se calmamente, voltando para o palco, fizeram uma pausa durante um momento, depois começaram de novo, agora com a segunda frase:
Não sei como parar as guerras!
E assim foi: um catálogo de queixas, apresentado com energia explosiva.
Não podes viver se não tiveres dinheiro!
(...)"



(in," Daqui Ninguém Sai Vivo", de Jerry Hopkins, Daniel Sugerman. Assírio & Alvim.)

O Olho Cosmológico *

(Desenho. 80X100 cm. técnica-mista. Autor: j.a.m.)

* Título de um livro de Henry Miller.
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domingo, setembro 16, 2007

3 Pérolas

"Pensar enlouquece, pense nisso".
"A vida é cheia de fases,a pior fase é quando não fazes nada".
"Tem gente, que é tão pobre, tão pobre, que só tem dinheiro".
(in, "Livro da Sabedoria".Pedro de Lara.)

Em Baixo - No Meio - Em Cima


(Pintura.J.A.M.-2007)

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sábado, setembro 15, 2007

O ÚLTIMO BISCOITE DO PACOTE

E, foi assim: estávamos em grupo, eramos todos iguais, partilhávamos o que tinhamos e o que era de nossa posse,era a nossa legítima humanidade de sermospessoasssim: com dúvidas, com certezas, muito respeitosos e sensíveis uns para os outros, com as mãosleves como pássaros a tocarem-se quando dava para isso, e havia no ar uma fogueira visível ou era invisível?, entre nós e tudo estava realmente bem, porque nós estávamos inteiramente Ali!-.
-Então apareceu no local um personagem com ar de gabiru e peito de pavão mas todo disfarçado e começou a palrar, como quem se sente só, e quer partilhar. Mas.
A gente entendeu que o que ele queria era ser o Maior, ser o "eleito" e então aconteceu 1 Silêncio abismal no meio do que acontecia,
e
de entre nós alguém comentou:
"Eis o Último Biscoito do Pacote!"!
e todo o pessoal junto disparou numa gargalhada tão cheia de estalidos que o "biscoito" virou as costas e partiu para outra morada, mas (penso eu), sem ter entendido nada do acontecido.
Lá foi ele expôr-se para outro lugar, com plateia de asnos e sombras humanas no género.
Deus lhes perdoe.

(10 H. - 27-08-2007)

A Porta Branca


- Tunísia.2007 -
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E Então, Bem de Noite e Bem Bebido, Cheguei à Piscina e Estava Tudo Trocado..


(algures na Tunísia.2007)
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E. Ponto Final.


(pormemor. Tunísia.2007)
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NEY MATOGROSSO - BALADA DO LOUCO

(Imagem Re +Tirada da Net. Depois "transformada")
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UM DESERTO COM ÁGUA


(Lençóis do Maranhão. Lagoa Azul. Brasil. 2006)
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UM BARCO NAS ÁGUAS AO DE LEVE SONORAS

Um barco parado nas águas ao de leve sonoras.
Enquanto a noite desce como um lençól suavemente escuro
apagando o rio,
que era azul e agora já é um espelho prateado virado para fora de si.
Alongado pela escuridão que se recolhe nos olhos,de quem olha.
Há em tudo uma paz impossível, e eu vejo o teu rosto e tu pareces não ser.
Olho-te de novo, e tu olhas-me assim:
tão distante e ausente que me deixas mais nu.
Eu sei:
sou aquele que te ama do fundo deste rio que agora nos faz juntos.
E estamos sempre sózinhos.
A partir de agora, entre nós
não haverá mais segredos.
(29-08-2006)

La Porte


(Porta Tunisina.2007)
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