sábado, outubro 27, 2007

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sexta-feira, outubro 12, 2007

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SENSAÇÃO A VELUDO NAS MÃOS

Primeiro foi uma sensação a veludo nas mãos, a carne à flor da pele era macia de um modo tão suave a pedir só mansidão e elas, as mãos, transcorriam bêbedas com todos os seus 10 dedos nas polpas sensíveis cada vez mais e eu lá ao fundo, no final da sensação, deixava-me navegar com toda a preguiça esboçada do mundo, por este mar de novidades que aquele corpo me emprestava no silêncio ofegante da noite.
E ela estava deitada, absorta no seu sonho inteiro de ser mulher para as minhas mãos, e eu sentia-a a crescer nos ritmos da respiração e de um lado e do outro, ambos éramos mais próximos, como se houvesse uma indeterminada luz pelo meio, que ambos tínhamos de possuir, precisamente ao mesmo tempo.
Tudo ilusão. E, no entanto não era. Eu estava ali, ela também, éramos dois corpos com as portas abertas de todo. A aragem das mãos esvoaçando sobre a pele de veludo, era o que sobrava do silêncio de chumbo, que os nossos corpos no fundo jaziam. Havia entre nós, um nó inteiramente aceso por dentro, onde as línguas mais apuradas já não dizem palavras.
E os gestos criavam outros mundos, onde só nós cabíamos, onde só nós éramos quase perfeitos, à espera de o sermos.
(Out.2007)

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quinta-feira, outubro 11, 2007

Pelos Corredores Adiante

e as luzes apareceram-me de todos os lados e eu estonteado não escolhi a 1ª e depois as outras e não disciplinei a estória, fui indo pelos corredores adiante, adiante, sem norte consciente, sem dúvidas,
e encontrei lugares que nunca tinha visto e soube como o paraíso é possível aqui nesta Terra, eu Vi e Vivi o mundo atravessado por outros mundos, o corpo inteiro, a alma como um objecto simples, as cores a vibrarem por dentro com outros olhos também,
eu Vi, como tudo é outra coisa afinal, nada de lonjuras, nada de muitas palavras, nada de nada é mesmo escuro quando
-Out..2007-

sexta-feira, outubro 05, 2007

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DESPEDIDA DOS DIAS CLAROS

Agora, é a pedra fria, no meio das estações
à espera do Inverno há esta escarpa em frente
as minhas costas vão até certo ponto
e depois ainda há a foz das águas do Verão
as vozes muitas que subiram a prumo
as noitadas ora agrestes ora mansas
embrulhadas entre mulheres de seda e veludo
e alguns amigos por perto das luzes mais íntimas
cheguei lá com as mãos esquecidas
e o olhar foi, mais uma vez, o primeiro a estalar
e tudo isto fecha-se agora
numa boca enlaçada pelos dias de Outono.

Um corpo cheio de sóis e todas as portas
cerradas, mais um dia e outro dia
e por aqui nunca é claro o dia completamente
aceso, para todos os lados e
pronto: valerá a pena chorar?


Gaia-5.10.07

terça-feira, outubro 02, 2007

O Lago

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Reflexão

Cada religião tem ajudado a Humanidade:
O Paganismo ensinou ao ser humano a luz da beleza, da amplitude e da altura da vida, numa tendência para uma perfeição multiforme;
O Cristianismo deu-lhe uma visão da caridade e do amor divino;
O Budismo ensinou-lhe um meio nobre de ser mais sábio, mais doce, mais puro;
o Judaísmo e o Islamismo, um modo de ser religiosamente fiel na acção e zeloso na sua devoção a Deus;
O Hinduísmo abriu -lhe as mais vastas e profundas possibilidades espirituais.

Seria algo muito grande se todas essas vias de Deus pudessem abraçar-se e fundir-se umas nas outras;
Porém, os dogmas intelectuais
e
o egoísmo cultural obstruem os caminhos
.


(Aurobindo )

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REENCONTRO

às vezes, de um modo inesperado, levanta-se um lençol qualquer da memória e aparece-nos um lugar com luz e alguém lá dentro, como se tudo acontecesse de novo.
Aconteceu-me hoje, com algo que foi a primeira vez há dois anos, num local deste planeta agora distante, estava eu a olhar um pôr do sol e a pensar na redondez do mundo e ao mesmo tempo, na sua vastidão desmedida e todas as circunferências e espirais de tudo isto estavam a levar-me para longe.
Entretanto, alguém apareceu por ali, com os pés descalços e apenas o manso som surdo de uma presença e eu demorei a desviar o olhar.(Estava lá, de onde é difícil, os regressos repentinos. Tinha que deslocar-me até ao centro, voltar ao núcleo aceso do que eu julgo ser eu, e depois repetir-me nos gestos, por aí).
Mas, quando já estava em mim, deparei-me com alguém muito sereno, distante até, com o olhar atirado ao deus-dará e pensei como há seres humanos a sentirem as coisas mais simples e essenciais da vida.E no entanto, são silenciosos ao largo dos seus horizontes, não são notícia nas T.V.s deste mundo ruidoso demais, nem escurecem os dias dos outros.
Depois, acho que trocámos meia-dúzia de palavras, nem tanto, com os 2 pares de olhos em pontes abertas entre si.
Despedimo-nos como dois bons amigos, e cada um foi para o seu mundo continuar a cumprir o seu destino.
2-Out-2007