terça-feira, outubro 02, 2007

REENCONTRO

às vezes, de um modo inesperado, levanta-se um lençol qualquer da memória e aparece-nos um lugar com luz e alguém lá dentro, como se tudo acontecesse de novo.
Aconteceu-me hoje, com algo que foi a primeira vez há dois anos, num local deste planeta agora distante, estava eu a olhar um pôr do sol e a pensar na redondez do mundo e ao mesmo tempo, na sua vastidão desmedida e todas as circunferências e espirais de tudo isto estavam a levar-me para longe.
Entretanto, alguém apareceu por ali, com os pés descalços e apenas o manso som surdo de uma presença e eu demorei a desviar o olhar.(Estava lá, de onde é difícil, os regressos repentinos. Tinha que deslocar-me até ao centro, voltar ao núcleo aceso do que eu julgo ser eu, e depois repetir-me nos gestos, por aí).
Mas, quando já estava em mim, deparei-me com alguém muito sereno, distante até, com o olhar atirado ao deus-dará e pensei como há seres humanos a sentirem as coisas mais simples e essenciais da vida.E no entanto, são silenciosos ao largo dos seus horizontes, não são notícia nas T.V.s deste mundo ruidoso demais, nem escurecem os dias dos outros.
Depois, acho que trocámos meia-dúzia de palavras, nem tanto, com os 2 pares de olhos em pontes abertas entre si.
Despedimo-nos como dois bons amigos, e cada um foi para o seu mundo continuar a cumprir o seu destino.
2-Out-2007

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