terça-feira, julho 29, 2008

QUANDO SE PARTE DE UM LUGAR

(J.A.M.-1825-2008)
lado A

Quando se parte de um lugar para um outro, há um abismo à espera de ser vivido, onda a onda, o desenho da espuma e em cima o olhar. E, ainda em cima das visões, o outro pensamento líquido das coisas que acontecem pela vida.

Enlaçadas, entrelaçadas, ligadas, como tudo o que respira todo o halo carbónico do mundo.

E, vamos assim, enlevados em nós, braços de trepadeiras afoitas pelo ar adiante, quem será que nos poderá respirar, quem?

(Mas.. pensar cansa, pensa nisso)

lado B

..e a hora do avião aproxima-se.E antes da viagem, quantas viagens já fizeste?

Vais, mais uma vez, à procura do ouro vivo de um lugar longe, longe anda a tua alma quando assim não pensas e então tudo começa nas pessoas, depois na vibração que estremece os espaços e a respiração desloca-se para um outro ritmo mais lento até ao fundo, nas luzes escarecidas dos olhares, nas palavras poucas (s.f.v.) e nos silêncios cheios de encontros que as memórias nunca esquecem, até os gestos sentirem a gravidade desta estuporada vida e criarem, sem dares por isso ,uma leveza de asas para os momentos .

é o ouro, que me chama, que me faz sair daqui para ali, na peugada da sede aberta a todos os pequenos nadas que me podem fazer mais vasto, por dentro.

(por fora, só a ciência simétrica nos dias nos apaziguam a loucura, como alguns de vós sabeis, não é?).

E enquanto tudo isto acontece, tento abrir-me: limpo, vazio e naturalmente humilde aos dons da Vida.

(28-07-2008)

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