sábado, dezembro 16, 2006
quinta-feira, dezembro 14, 2006
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quarta-feira, dezembro 06, 2006
terça-feira, novembro 28, 2006
quinta-feira, novembro 23, 2006
POR UMA UNHA NEGRA
Foi um tempo de procuras, em que passei por pontes e pontes e nem sequer as via, nem o rio que lá ia para o seu mar, nem os lugares de um lado e do outro, por onde gastava o meu destino, possuído pela dourada cegueira da juventude e por todos os copos de veneno que encontrava. Vi alguns amigos, caírem para dentro de uma luz que nunca mais os largou, foram assim sozinhos para tão longe e nuncanunca mais.
Após, muitas paisagens, comecei a ver que tudo á minha volta era uma imagem que se soltava de dentro de mim, onde eu não era chamado para o caso, nem propriamente ninguém, mas, no fim de contas, todos estávamos lá: pessoas, mundo, vida, animais, plantas, pedras e todos os universos que existem.
Comecei a olhar mais a luz, a luz claramente acesa, a primeira que vem de dentro das pessoas e das coisas.
Descobri um centro que não é centro nenhum, apenas me desloco despido e nu, de centro em centro, na mapa circular da minha idade. Sempre, com o deus presente de tudo á minha volta e o amor íntimo e distante por tudo o que passa por mim.
Gaia - 21-06-2006
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sábado, novembro 18, 2006
sexta-feira, novembro 17, 2006
IMAGENS AFUNDADAS NA MEMÓRIA (15ª)
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terça-feira, novembro 07, 2006
quarta-feira, novembro 01, 2006
Há rostos que tornam as coisas mais simples
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terça-feira, outubro 31, 2006
SILÊNCIO
Um gato escuta o sol, por cima
os pássaros são sombras a voarem.
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sábado, outubro 28, 2006
barcos parados na noite profunda
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2:50 da tarde
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(a meu pai)
Ontem, ás tantas da noite, quando me tocaram á porta tão tarde, fiquei um pouco intrigado. Ia já de braço em riste para o puxador, quando vejo o meu pai já dentro de casa, com o seu ar circunspecto e um sorriso levemente matreiro de quem vê alguém com uma cara de espanto sem solução á vista.”Então Gé, como vai isso?”Falou-me no mesmo tom e com as mesmas palavras que ouvi N vezes, como quem pergunta:” Então filho, como vai essa Vida”.”Tá indo bem” disse-lhe enquanto o olhava nos olhos para confirmar o que dissera. Lembrei-me que muitas vezes, quando ele estava deste lado, eu nem sempre era mesmo sincero, embora a resposta fosse sempre a mesma, mas depois percebia que não o tinha convencido.”Entre, sente-se ali no sofá. Toma alguma coisa?”. Não, bem-hajas, agora não preciso de tomar nada, mas vamos lá até ao sofá”. Sentámo-nos lado a lado, enquanto eu o olhava de soslaio verificando que continuava com os seus gestos pousados a reflectirem um sossego interior muito raro, nos dias que correm. A conversa facilmente desembocou, como não poderia deixar de ser, para os lados da Vida e da Morte. Demorámo-nos entre frases, sorrisos e jeitos só nossos de falar das coisas que só as palavras permitem. Depois, quando o dia já se começava a misturar na sala e a realidade daquilo tudo parecia demasiado e também já sentíamos ter esgotado o que nos ia na alma, o meu pai, pôs-me uma mão no ombro e levantou-se com um ar vagamente satisfeito, “pareces cansado, não estás a precisar de ir dormir?”. “É, talvez sejam horas”, e levantei-me também dando-lhe uma palmada afectuosa nas costas. Dirigi-me para a porta e quando me voltei para nos despedirmos mesmo, eu estava ali sozinho.
Gaia - 28.29-05-2006
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segunda-feira, outubro 23, 2006
FORA DO COMPASSO
Dias abundantes na boca
pelos segredos das mãos
ao rebentarem magnéticas
os nomes à-volta.
Inspira-as a cegueira de uma luz
sem fim, como que vencida
pela eternidade.
Não é carne nem é memória
esta respiração. Por ela vivemos
pendurados na pergunta
que respira pelos orifícios da pele
que sorve as queimaduras dos astros.
Talvez os deuses conheçam a intenção da água
dentro dos corpos. A água fechada
ao fazer um nó às portas dos olhos.
Estrela ou paisagem, quanta claridade
em redor dos dedos a mexerem dentro
as oficinas da Terra
os lugares abraçados pelo tacto da fala.
(in, "As Mãos e as Margens".Ed. Limiar.1991.)
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domingo, outubro 22, 2006
O JOGO
Do jogo vêm as mãos caçadoras
a seta incerta no coração da sorte
corpo tangente com um lado intocável
e por mais que os corpos se ousem
o desafio é sempre a veia inicial. O risco.
O acaso. A ilusória aparência de um encontro
sem testemunhas evidentes.
(in, "O Triângulo de Ouro".1988)
(Visões Retrospectivas)
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sábado, outubro 21, 2006
sexta-feira, outubro 20, 2006
ELIPSE PARA OS OLHOS
Em cada gesto
um ofício sem idade
dizendo os corpos em sobressalto
entre as coisas circulares do tempo.
E quem já esteve em muitos lugares
principia e acaba olhando o Mundo
pelas suas formas
e aí morre qualquer hábito
e a vastidão da Terra com sementes
há memória da Vida
e das coisas que acontecem.
(in, "O Triângulo de Ouro",1988)
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quinta-feira, outubro 19, 2006
(Posoidon.Turquia.2002.)
Vi o mármore abandonado ao martelo
a música a cair em si
e depois
as formas dos deuses.
Os olhos sopravam uma luz macia.
(Visões Retrospectivas)
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sábado, outubro 14, 2006
AO PÔR-DO-SOL
Depois, já os lençóis da noite eram muitos e o mundo existia com um peso maior, levantámo-nos ao mesmo tempo, sorrimos o mesmo sorriso ligado, e cada um foi devagar continuar a cumprir o seu destino.
Gaia – 26-08-2006
(São Luís.Maranhão.Brasil.2006.)
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quinta-feira, outubro 12, 2006
domingo, outubro 08, 2006
(Mauro, O Poeta da Ilha)
Hoje, vejo-o levantar a noite da sua ilha, livre como sempre, feliz e a beber alegremente toda a escuridão que há na sua vida de poeta.
(São Luís.Maranhão.Brasil.2006.)
Gaia – 27.28-08-06
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sábado, outubro 07, 2006
(Meiri)
Depois de várias voltas por N ruas da cidade pareceu-me que era por aquelas bandas que a festa começava a fervilhar. Num passeio de uma rua desamparada, encontrei um banco á minha espera e pedi mesmo ali á Sr.ª da rolote uma cerveja bem gelada. Recostei-me, costas com parede e vice-versa, e pus-me a pastar vacarosamente o olhar á volta. Havia de tudo o que era gente, jovens em grupos soltos e felizmente assim, pessoas solitárias, alguns com ar de quem procura desespiradamente libertarem-se daquilo, outros já mais ancorados, havia casais apaixonados que nem pássaros azurumbados, havia também mulheres de todas as cores, e as mais belas prendiam-me o olhar por mais tempo e depois, desapareciam pelas portas dos bares de onde soltavam canções ás molhadas, e de quando em quando muitas vezes, tudo aquilo junto dava-me sede para outra cerveja.
Por cima de mim, a escuridão salpicada de estrelas e uma clara sensação de vastidão completamente alheada.
A incerta altura, uma menina sozinha, por dentro e por fora, aproximou-se de mim, de cerveja na mão e sentou-se a meu lado. Depois continuou calada, ancorada e eu também não de cerveja na mão. Encostou a sua tristeza desarmada no meu ombro abrigada e eu comecei a falar. As minhas palavras eram peixes criados ali, para o seu mar. Sem darmos por isso, pusemos os olhos nos olhos e começámo-nos a beijar. O seu fundo sereno tinha outro olhar. E uma paixão apareceu naquele lugar. Claro que o dia nasceu sem nos avisar.
Gaia.27-05-2006
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MO(NU)MENTO DA VIDA
Aqui ao lado, as folhas das palmeiras continuam penteando a aragem que corre atrás de si corre e por vezes, alarga-se até á mesa e leva-me as folhas e as palavras e que me importa?
Na rua as pessoas passeiam-se devagar no meio do tempo. Saboreiam os encontros, param aqui e acolá, trocam poucas frases, poucos gestos, coisas simples, como um sorriso cúmplice na caminhada, já é tanto.
Um pescador idoso de boné vermelho e corpo parado, está esquecido ou estará a lembrar-se, a olharolhar o mar como se lesse um texto.
Há em tudo uma paz muito possível aproximando-se provavelmente a um sopro distraído de deus.
(Recife.Pernambuco.Brasil.2004.)
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FOI ALGURES JÁ NEM ME LEMBRO
Foi algures, já nem me lembro, e eu sentia-me muito vivo de dentro para fora, como um farol aberto ao Mundo. Tudo em mim, tinha um sentido que eu nem pensava, deixava-me atravessar pelos dons que a vida me dava. Quando a Vi, parei:
Alguém mesmo ali á minha frente, dançava no ar, com a alegria nos olhos de quem se sente livre e cheia de luz para emprestar. Era uma menina negra com aquele jeito despojado e solto de quem nada tem a perder por se sentir gente, e, meu deus, era tão bela na sua juventude lisa, pelo corpo a baixo até ás asas dos pés.
E logo a noite teve um outro sentido e todas as estrelas dos universos foram poucas para chamarem o novo dia que felizmente demorou a chegar.
Gaia – 24.25-05-2006
(Fortaleza. Brasil.2003.)
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