sexta-feira, agosto 22, 2008

O Aviso - Da Série: O(s) GRITO(s) Nº 16


Estava eu, no meu canto sossegado, sem chatear o preto e vice-verso, quando a minha vizinha me acordou pra fora deste delicioso enlevo criativo, com um frenético toque de campaiiiiinha que, enfim. Depois fiquei desarmado, mas com uma revista nas mãos que se tinha perdido por entre as caixas de correio eteceteramente.
Bom, agradeci o favor, que óbviamente não foi favor nenhum mas um gradecíssimo "corte" e por reconhecimento, educação ou qualquer outra razão que agora não me apetece escrever, abri a dita revista, que não tinha muitas folhas mas parecia Grande devido à generosa espessura das folhas, e, e caí logo na pág. 16. O 16? Como sou adepto fervoroso até incerto ponto, das numerologias, fiz automáticamente as contas que nem um bom makakóide e zás aí está o tal 7, o número mágico por excelência nesta civilização onde deus me faz andar, e pus-me logo-imediatamente a pensar onde poderia encontrar a tal magia. Então
comecei pelo título da pág:"desporto, saúde & bem-estar". Quando cheguei ao "bem-estar", fiquei um pouco aliviado mas logo simultâniamente intrigado, pois havia muita matéria junta que transbordava um-não-sei-quê de título para encher as medidas de quem tem a intenção subrrrreptícia de convencer alguéns de algo que só tem haver consigo, no intuito para mim claríssimo de um lucro sorrateiro qualquer. Mas pronto.
Vim por ali abaixo, ultrapassei os obstáculos que surgiram, e o pior era o tipo de letra utilizado, para não falar da horripilante mancha gráfica, até que
me deparei com a palavra "Aviso". E aí, estanquei mesmo definitivamente, com todas as minhas forças possíveis e impossíveis, quase, fiz um momento de viragem átirar para uma maior concentração no assunto e pus-me a ler o dito aviso para poder continuar a escrever este artigo de momento, sem qualquer futuro à vista desarmada, pois a vida de um cidadão neste país é um eterno desarmamento de tudo o que é Vida mesmo:
alento nas almas, alegria nos trabalhos, esperanças várias no futuro, convicções partilhadas uns com os outros à-volta dos dias comunicantes que vão passando por estes lados, muito longe desses outros dias que corremcorrem, desalmadamente, sei lá pra onde, mas já tenho a certeza que tal "onde", não é nada que Realmente preste.
A coisa começou a complicar-se, tudo aquilo na minha cabeça eram artigoss a maiss, maiss os "dispostoss" "decretoss-lei" e as "deliberaçõess" com datass & tudo, maiss os "capítuloss" & os "subcapítuloss",,, Ei, minha nossa Sr.ª de Kualquer Coisa, comecei a ficar farto, farto, enfardado de todo, pois considero-me uma pessoa minimamente culta, minimamente inteligente, minimamente capaz de ler e entender um mero artigo de uma Revista de Informação Camarária, mas efectivamente não entendia patavina daquilo.
Adiante.Trocado por miúdos, e muito bem espremido o fruto podre,tratava-se do quê?
De um aviso para avisar o Povo destas bandas de que foram avisados de que há um prazo de 30 dias "úteis" ( ainda estou para descortinar o que é isso de dias "inúteis"..ou já percebi bem demais), para, para se realizar uma "discussão pública" acerca de mais uma alteração ao não-sei-quê, que logicamente tem o seu quê de mudança relevante para alguns e o pessoal até tem de ser informado pela lei em vigor e essas lérias ditas democráticas, deles.
Agora a questão aqui komplicou-se ainda mais, porque na parte final diziam ao povo que 1º tinham de ir a uma determinada morada (que, Vá Lá ! estava ali escarrapachada inteirinha para quem a quisesse ), para consultarem o tal assunto fundeado no enigmático número 7, e depois quem quisesse Até Podia, enviar reclamação ou sugestão, nas "horas normais de expediente". Só estas palavras do final da frazze, atiraram-me adruptamente para profundíssimos momentos de reflecção acerca deste lado da questão: o que são horas "normais" para eles? Onde param as horas anormais, que eu nunca as vislumbrei na minha vida tão obrigatóriamente normalóide? E qual será o expediente lá do sítio? E no expediente de lá, há lá alguém ou será a habitual es-pe-ra-es-pe-ra engole pra dentro passivamente desatinante de sempre?Mas
o que mais me deixou desanimado de todo, confrangedoramente deprimido mesmo, comigo próprio e com o mundo e até com a Humanidade , foi o facto de perceber - creio bem - que numa declaração tipo preto no branco acerca de uma DISCUSSÃO PÚBLICA, o pessoal era Afinal convidado, nestes modos enviosadamente anacrónicos e absurdamente obscuros, a ENVIAR CARTAS, se quisesse (verdade seja dita, não vi neste textozinho nenhuma insinuação velada ou não, acerca de uma possível punição ao adoptar-se esta ou aquela atitude pessoal - Apesar de tal modo de criar Medos andar muito na moda).
E. Pronto. Continuo a não entender 1 caralho acerca do modo de pensar e agir dos Senhores que nos governam ? democraticamente eleitos & tudo e para ver
se alguém me poderá ajudar neste momento bem-mal difícil da minha vida, vou surripiar uma garrafa de vinho da parte mais nobre da minha modesta garrafeirazinha, e vou ter com a minha simpática vizinha.
e vou tocar à campainha, muitíssimo ao de leve, só um toquezinho de quem está ali, triste como a noite e também muito só, apenas
com uma prenda entre as duas mãos e um sorriso naturalmente levíssimo
(quase a penas luz que espera para sair)
no meu rosto, Ainda de makakóide escravizado.

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